quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Setembro de Portugal

Corrida me corre de quem puxa e empurra e da sorte que morre tribal com insitência em guerras secas e lúcidas. Post-it na testa: Há que corra julgando ir à frente e não está mais do que a correr no circulo de si mesmo.

Velas. Muitas velas. E quem as vê? Ninguém. A não ser quem? Alguém. Que não as vê mas sabe que existem. E ouve-se um som calmo mas que espevita e não embala. Um som calmo que seduz. Sedução repentina e brava que reside num encanto. Encanto que não se vê. Tal como as velas que nem vê-las. Encanto que reside bem dentro e que de noite suscita o espanto. Encanto de quem não canta mas que encanta. E que encanta com olhos que dizem que canta.

Adormeço e corro num túnel. Rumo a Norte e com os pés para Sul. Luz que se vê mas mal se cheira. Luz que não será a do fundo do túnel, de qualquer maneira, mas sim a da pequena vela que reacende a vida inteira.

Atribuladas noites e dias vazios de Maio. Junho em corredores salgados e pulmões que explodiam exaltação. Julho de esboços e curas. Agosto de conforto sem gosto para quem anseia...
Chega Setembro. Chega a hora. Chegam ténis. Chegam cintos. Chegam calças. Pintam-se t-shirts e até se houve falar num tal peixe amarelo que estampado arrasaría. E que eu queria. E quero. Porque é Setembro e mês sincero.

Chega Setembro e há um Sol que se mantém alto. Setembro dos desabafos e pretinentes questões. Setembro dos segredos e das vitórias. Dos recomeços afogados e dos começos que suscitam. Das madrugadas inspiradoras. Da ternura dos vinte. Das frases soltas que surgem mal interpretadas e dos ouvidos a escaldar e braços dormentes. Setembro Setembro!! Setembro que se tem dado ao trabalho de espelhar que quando o Homem sonha não precisa de acordar. Setembro Setembro Setembro!! Poderosas uniões que fazem dos pinheiros pinhões.

Se o lado era errado e o que não errado surge com mel na cara e mãos...
Hoje atravessou a ponte.
Já nada espanta ou surpreende. Tudo de bom se espera. Abençoado seja o cê.

Em Outubro surgirá a prometida carta. Se não fôr bonita por dentro? Contemplemos o envelope.