terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Paulista Que Veio Para Ficar

Morena imperial das saudades que apertam
Morena imperial da graça e da ternura
Morena imperial da viagem pela Europa
Morena imperial dos segredos de sempre Sol

Morena imperial guardo-te com metade da história por contar.

Tomara a todos ter a paulista.


Quando te vi passar fiquei paralisado
Tremi até o chão como um terremoto no Japão
Um vento, um tufão
Uma batedeira sem botão
Foi assim viu
Me vi na sua mão

Perdi a hora de voltar para o trabalho
Voltei pra casa e disse adeus pra tudo que eu conquistei
Mil coisas eu deixei
Só pra te falar
Largo tudo

Se a gente se casar domingo
Na praia, no sol, no mar
Ou num navio a navegar
Num avião a decolar
Indo sem data pra voltar
Toda de branco no altar
Quem vai sorrir?
Quem vai chorar?
Ave Maria, sei que há
Uma história pra sonhar
Pra sonhar

O que era sonho se tornou realidade
De pouco em pouco a gente foi erguendo o nosso próprio trem,
Nossa Jerusalém,
Nosso mundo, nosso carrossel
Vai e vem vai
E não para nunca mais

De tanto não parar a gente chegou lá
Do outro lado da montanha onde tudo começou
Quando sua voz falou:
Pra onde você quiser eu vou
Largo tudo

Se a gente se casar domingo
Na praia, no sol, no mar
Ou num navio a navegar
Num avião a decolar
Indo sem data pra voltar
Toda de branco no altar
Quem vai sorrir?
Quem vai chorar?
Ave maria, sei que há
Uma história pra contar

Assim nasce a esperança

Ao meio dia os baldes estavam vazios de esperança. Peguei neles e levei-os.
Carregar baldes vazios é saber bem para onde os levar.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Nua impunha respeito

À varanda ela cantava com um vestido que era só nudez
De alças, curto, cor de amêndoas de açúcar
Vestido de dormir, de despir e de sonhar
Sempre aquele vestido. Sempre sem lavar.
Ela cantava, comia pêssegos e deixava o sumo escorrer
Amava, tremia e não fugia…
Até a noite ser amanhecer.

Recadinho

Nunca atropelei ninguém
Porque não tenho a carta
Nunca chapinhei no mar
Reservo para o suicídio
E se comesses uns morangos
Talvez a neura passasse
Se comesses umas balas
Talvez a esperteza matasses.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Regresso a Lisboa

Se as costas arrefecem a inocência morre.
Se vai da Lua ao Sol, que viva as alturas.

sábado, 3 de setembro de 2011

A ânsia está com ela

Um brinde! Que toque simples. Dois copos de um vidro delicado brilham e reflectem o esmalte de uma troca de sorrisos. Uma troca discreta, sim. Mas quando um pouco cheio, os copos tornam-se charmosos.
"Copos charmosos"?? Não seria mais adequado dizer copos com requinte?
O charme está no vinho... está nas rugas de expressão reflectidas no copo. Está na maneira como se pega no copo. Dois dedos, três dedos.. quatro dedos já não. O charme está nos copos que se observam e se fintam ansiosos por, delicadamente, chocar.
E é assim, cinco minutos de preparação. E o requinte, esse... está no brindar.

É hora.

Há mar e mar.


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Discretamente nas Alturas


Não sei se tenho vertigens ou se tenho medo de as ter. Mas verdade seja dita, vence o sentir ao pensar. As modas fartaram. A adolescência parou. Os contornos foram despromovidos. O básico cansou. O vulgar importunou-me. E agora quero as Alturas.
Tive de queimar os olhos. Arrisco-me a ficar cego... Mas assim foram as palavras. Assim foram as palavras que me fizeram ver. Azeite a ferver nos olhos e curado com palavras?! Sim. Há quem diga que os milagres existem. Há quem acredite no destino. Há quem morra com um piano em cima. Eu apenas fui curado.
A ânsia agora ganhou forma e assemelha-se a um precipício, doce lugar escarpado. Há, porém, o desejo de chegar lá e o receio de nele caír para sempre. Não um "para sempre" para sempre. Um "para sempre" romanceado. Um "para sempre" de quem está surdo ao destino. Surdo. Surdo! Não mudo.
Hoje estou nas alturas. É estranho... mas estou. Quem me viu e quem me vê... E agora vejo-me e revejo-me porque cego me fizeste ficar. Estive para desprezar. Estive para não valorizar. Dezenas de vezes questionei. Abençoada cegueira. (à tua beira) Pronuncio neste instante que me rendo.
Aproximam-se os dois citados. É a hora que marca agora e pelo caminho houve um vénia (que merecida!) retribuída com um "gosto". E ao virar de uma esquina outro "gosto". E já tudo era pretexto para gostar. Estava calor mas cuidado não apanhes frio.
Mas avancemos. Aproximam-se os dois citados e vêem as alturas. Tensão? Não. Indecisão? Não. Destino? Também não. Trocas de cheiros.. Deixem-se marcas das mãos com tinta nas paredes, como na infância. Sirva-se um cocktail nas escadas. Que confusão de sabores. Do tropical ao Portugal. Do latino ao nórdico. Já só se escuta silêncio e dois pontos verdes que ditam.
A mensagem vertical encontrada recentemente sucede-se vezes sem conta. Mas não estão gastos. E querem-se. (...)

Fruto da romãzeira não sumas hoje nem nunca mais...
És a certeza mais súbita e nas tuas vertigens me procuro.